Crítica do Episódio S04E02
- Vinícius Bellemo
- 28 de jun. de 2016
- 3 min de leitura

O episódio de estreia da quarta temporada de The Fosters não pode ser descrito com outra palavra que não seja "Agoniante". Sim, foi um episódio sobrecarregado de tensão, conflitos pessoais e de muito peso dramático, no qual vivenciamos o medo de sermos surpreendidos por um ataque a mão armada num ambiente que julgamos ser "seguro" - que nesse caso, é uma escola.
Partindo dessa premissa, os roteiristas quiseram provocar ainda mais os espectadores nesse episódio posterior. "Se eles se sentiram incomodados ao notar o perigo em um local como uma escola, imagine o que sentirão quando descobrirem que o perigo dessa vez está em um local que eles julgam ser muito mais seguro: a sua própria casa!" - e foi com esse pensamento que os produtores da série trouxeram mais outro episódio tenso para a quarta temporada.
Tão tenso quanto o anterior?! Podemos dizer que sim, já que a direção aqui não poupa-se em utilizar sequências que muito se assemelham à filmes de terror - desde a trilha-sonora até a fotografia escura. E esse episódio foi tão dramaticamente forte quanto o anterior?! Certamente não, já que aqui o desenvolvimento das relações dos personagens não acontece de maneira significativa (com exceção de um ou dois)... E isso é um problema.
Da parte das mães, nada de grande desenvolve-se. Lena permanece mais como a coadjuvante da vez - o que é bem triste, considerando o talento da Sherri como atriz - e a Stef ocupa-se de exercer o papel "patriarcal" da família, nada de muito novo.
As cenas Brallie também não desenvolvem muito os seus personagens nem a relação entre ambos, servindo apenas como a parte "encheção de linguiça" do episódio. Tirando a boa atuação do David Lambert (Brandon) numa sequência em que o mesmo discute com a mãe Stef sobre os seus direitos como maior de dezoito, Maia Mitchell permanece com a mesma "cara de pastel" de sempre, soando mais simpática nos momentos em que divide a cena com AJ.
A trama do Jude nesse episódio, mesmo sendo pequena, foi agradável e satisfatoriamente fofa. Após sonhar com o Jack, - e com o mesmo afirmando não tem uma casa - Jude sente-se mal pelo amigo e resolve procurar saber onde fica o seu túmulo. Após descobrir que as cinzas do garoto foram guardadas num depósito pelo governo, o mesmo consegue obter o frasco em que as mesmas estão. A cena final em que ele e Callie espalham as cinzas do Jack na árvore da Frank (a falecida filha de Lena) é emocionalmente satisfatória e o "Agora você tem uma casa" soltado pelo Hayden é extremamente tocante e doce.
Mas a melhor parte do episódio pra mim foi, sem sombra de dúvidas, perceber mais uma vez o quão humana essa série é. Eu torcia para que a trama do "Nick psicopata" não durasse a temporada inteira. Achava que isso poderia acabar soando forçado ou maniqueísta... E, pelo visto, os produtores se tocaram do mesmo, já que todo o arco que envolvia o Nick e a Mariana é, aparentemente, encerrado aqui. E a cena de suspense que antecede o encerramento desse conflito é excelente, já que a Cierra (Mariana) e o Louis (Nick) dão um show de interpretação.
E é com a parte em que o Nick deixa a arma de lado e deita-se no colo da Mariana, em prantos, que os produtores mostram o diferencial de "The Fosters" em relação à maioria das outras séries - se fosse um outro seriado, a Mariana provavelmente levaria um tiro no braço e o Nick seria o "malvadão" da história. Os produtores mostram aqui que o que houve com o Nick ia além do muito-óbvio "cara que surta e vira o psicopata"... Ele é apenas um jovem, encarecido de qualquer tipo de amor - inclusive maternal e paternal - e que surtou ao perceber que a única presença real de amor em sua vida (a Mariana) estava sendo ameaçada.
"Ele chorou em meus braços", diz a Mariana para o Jesus, no final do episódio. E mesmo que não concordemos com os atos do Nick, entendemos sua humanidade e sua tridimensionalidade.
E é por tocar nesses aspectos tão humanos que a série me conquistou e continua a me conquistar a cada dia que passa. Fazendo-me enxergar além do óbvio e enriquecendo a minha visão de mundo à cada episódio.
Nota: 4/5
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